Familiares de vítimas do rompimento da barragem da Vale fazem carreata por justiça pelas ruas de Brumadinho
A carreata saiu das proximidades do Cemitério Parque das Rosas, onde muitas joias – como as vítimas são carinhosamente chamadas – estão sepultadas, e seguiu até o letreiro da cidade. Cerca de 100 carros participaram do ato
No início da noite desta terça-feira (24/01), aproximadamente 100 carros participaram de mais uma ação de mobilização para marcar os 4 anos do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG). Nesta quarta-feira, dia 25/01, a tragédia-crime que matou 272 pessoas completa mais um ano, sem que ninguém ainda tenha sido responsabilizado ou preso. Hoje, após várias manobras jurídicas para protelar a ação, a Justiça Federal acatou a denúncia contra as empresas Vale e Tüv Süd e 16 réus, executivos das duas empresas. A notícia foi recebida com alívio pela AVABRUM. (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão), organizadora da carreata.
“A associação apela para que a Justiça julgue este caso com agilidade e repudie manobras jurídicas que só têm o intuito de atrasar e postergar a decisão soberana”, diz a AVABRUM, em nota divulgada nesta terça-feira. Para Maria Regina da Silva, diretora da AVABRUM, a carreata, que acontece pelo terceiro ano consecutivo, simboliza um grito por justiça. “É para sair pela cidade, mostrando a ela a nossa indignação e revolta com tudo o que aconteceu. Porém, hoje, essa carreata teve um olhar e significado diferentes. O nosso sentimento foi outro, porque nós estamos esperando há 3 anos pelo indiciamento dos réus. Após várias manobras, pedindo para que o processo fosse para a instância federal, hoje, o processo foi aceito e todos eles foram indiciados. Foi pedido para que fosse validado e que desse andamento no processo. Tem um significado especial essa carreata. É um sentimento de que algo será feito e que estamos no caminho certo”, comenta.
A carreata saiu das proximidades do Cemitério Parque das Rosas, onde muitas joias estão sepultadas, e partiu para a região central de Brumadinho. Houve uma parada no Cemitério Municipal, onde familiares também se despediram de suas joias pela última vez. A carreata passou pelas principais avenidas da cidade e dirigiu-se até o letreiro da entrada da cidade, finalizando o cortejo. Em um caminhão de trio elétrico, que abria o caminho, estavam diretoras da AVABRUM que se manifestaram durante o percurso, deixando toda a cidade ciente do que estava acontecendo.
No letreiro, mesmo debaixo de chuva, muita gente deixou seus carros e foi para o ato. Foram exibidos vários vídeos, houve gritos de protesto, momentos de oração e a chamada por cada joia, enquanto era exibida foto no painel. Foi mencionado também o apoio a romeiros que vieram de municípios vizinhos para participar dos atos que marcam os 4 anos da tragédia-crime.
Seminário discute impactos
Antes da carreata, durante todo o dia, ocorreu o Seminário 4 Anos da Tragédia-Crime e os Impactos em Brumadinho e Municípios Mineradores, organizado pela AVABRUM No auditório da Faculdade Asa, várias autoridades e lideranças debateram os riscos da atividade minerária, em especial o ponto de vista das populações atingidas por rompimentos de barragens, como ocorreu nas cidades de Brumadinho e Mariana.
Deixe um comentário