Estudantes da rede estadual lançam livro “BH é Quem? BH é Nóis – Desvendando Horizontes”

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Projeto interdisciplinar assinado por alunos serve como guia turístico e levanta importante discussão sociológica

Estudantes da Escola Divina Providência lançam,  no domingo (27/11), o livro “BH é Quem? BH é Nóis – Desvendando Horizontes”, no Viaduto das Artes (Avenida Olinto Meireles, 45, Barreiro). Num trabalho inédito, os alunos  desenvolveram projeto interdisciplinar durante todo o ano letivo e o resultado foi tão inspirador que acabou sendo registrado em uma publicação com fotos e relatos das visitas feitas pelos estudantes a 19 pontos turísticos ou de ocupação na capital mineira.

“BH é Quem? BH é Nóis – Desvendando Horizontes” fez alunos repensaram lugares da capital com olhares e vivências que, consequentemente, levaram a uma discussão sociológica.

O projeto foi interdisciplinar e toda a escola participou. O professor de História e orientador, Fabrício Seixas Barbosa, explica que a escolha dos locais visitados foi democrático, passando por espaços públicos, privados, museus e ocupações sociais. Um dos pontos altos foi levar os estudantes a se verem e a se reconhecerem nestes locais.

Trajetos

Aglomerado da Serra, a Casa Circo Gamarra no Santa Tereza, museus diversos, e pontos turísticos estavam na lista de visitas. No projeto inicial, os alunos fariam uma exposição fotográfica, mas a ideia foi ampliada após a professora de Português pedir relatos por escrito das experiências vividas nas visitas. O livro é um guia turístico com fotos, informações dos locais, relatos e sensações de experiência dos estudantes.

“A escola se localiza nos limites de Ibirité e Contagem, quase fora de Belo Horizonte. O acesso dos estudantes à capital quase não existe levando em consideração as limitações econômicas. Quando lemos os relatos que foram impactantes, decidimos que, além das fotos, incluir no livro os textos dos alunos”, conta o professor orientador, Fabrício Seixas.

Ele acrescenta que “se ver como indivíduos nos importantes locais da cidade foi um dos pontos altos do projeto”.

“Por isso foi importante a visita em diferentes espaços. Do Centro Cultural Banco do Brasil na Praça da Liberdade (CCBB) ao Espaço Comum Luiz Estrela. No CCBB eles ficaram encantados pelo lugar luxuoso, mas ao mesmo tempo intimidados. Não se sentiam parte daquele espaço como se não fosse para eles. No Espaço Comum Luiz Estrela, uma ocupação coletiva com oficinas culturais, eles se sentiram mais à vontade. Mas isso levanta uma discussão sociológica. O projeto tem dois pontos cruciais: direito à cidade e reparação histórica”, ressalta o professor Fabrício.

Largo do Rosário

Ele conta ainda que a E.E. Divina Providência foi a primeira escola a visitar o Largo do Rosário e seu cemitério, recém declarado Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. Um vídeo foi produzido e pode ser visto neste canal do YouTube. 

O Largo do Rosário mexeu com a estudante do 9º ano, Isabelle de Oliveira Lopes, que diz ter voltado diferente da excursão. Para ela, o conhecimento trouxe mais clareza às questões raciais e sociais. “Ver o local e imaginar como era foi uma experiência muito bacana. Voltei mais conscientizada. Foi um lugar onde aconteceram várias coisas e tem um cemitério lá, várias pessoas ainda estão lá. Com certeza voltamos diferentes e com mais conhecimento. Os nossos antepassados, pessoas que realmente construíram Belo Horizonte, estão lá e isso foi impactante”, contou Isabelle.

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